Kousha Navidar: Este é o All Of It na WNYC. Eu sou Kousha Navidar, substituindo Alison Stewart. Você provavelmente já ouviu a frase é preciso uma aldeia para criar uma criança. Mas e se a liderança da aldeia fosse responsável por decidir quem pode ou não ter um filho?
Essa é a premissa do novo thriller de ficção científica, The Assessment. O filme é estrelado por Elizabeth Olsen como Mia e Himesh Patel como Aaryan, um casal que deseja se tornar pais em um futuro devastado por desastres naturais, tornando partes do mundo inabitáveis. Felizmente para eles, todos em sua sociedade levam uma vida tranquila, onde tratamentos médicos permitem retardar significativamente o envelhecimento. No entanto, o governo mantém um controle rigoroso sobre os recursos.
Isso significa que casais que querem ter um filho precisam passar por uma avaliação rigorosa — e quando digo rigorosa, quero dizer extremamente exigente — que dura sete dias. Esse processo determina quem é apto a ser pai ou mãe e evita a superpopulação. O avaliador fica com o casal o tempo todo, analisando todos os aspectos de suas vidas: condições de moradia, trabalho, intimidade, relacionamento com os próprios pais… Tudo.
The Assessment já está em cartaz nos cinemas. A atriz Elizabeth Olsen está aqui conosco, do outro lado da mesa. Ela se junta a nós para conversar sobre o filme. Elizabeth, bem-vinda de volta ao All Of It.
Elizabeth Olsen: Obrigada. Obrigada por me receber.
Kousha Navidar: Com certeza. Eu assisti ao filme ontem à noite. Estava te contando antes da entrevista que fiquei vidrado. Estou muito animado para conversar com você sobre ele. Quando você entrou nesse projeto e leu o roteiro pela primeira vez, o que achou novo e interessante na premissa de The Assessment?
Elizabeth Olsen: Acho que foi realmente surpreendente. Eu não tinha uma expectativa de para onde a história iria. Não sabia quão absurdas seriam as situações. Isso foi algo que achei muito inspirador como atriz, porque estamos em um futuro com regras diferentes das nossas. Isso nos permite brincar mais como intérpretes, sem a necessidade de tornar tudo hiper-realista.
O tom que buscávamos misturava humor, thriller e absurdidade, o que cria um desconforto muito interessante. Tudo isso foi uma oportunidade empolgante, tanto em termos de tom quanto de reflexão sobre a existência, algo que a ficção científica sempre permite explorar.
Kousha Navidar: Sim, esse é o propósito da ficção científica, de certa forma.
Elizabeth Olsen: Exatamente.
Kousha Navidar: É essa reflexão.
Elizabeth Olsen: Sim. Não é como assistir a um filme e dizer: “Esse não é o nosso presidente, ele não parece ou soa como o nosso presidente.” É uma representação de outro tempo. Podemos projetar nossas próprias experiências e sentimentos na história sem que ela esteja diretamente ligada às regras do nosso mundo. Acho que isso cria uma fuga mais interessante para o público. Não chegamos a uma tese ou conclusão específica, mas abrimos espaço para conversas entre os espectadores.
Kousha Navidar: Como atriz, houve algum desafio que você esperava enfrentar ao interpretar essa personagem? Algo que te fez pensar: “Isso vai ser difícil, mas empolgante de trabalhar”?
Elizabeth Olsen: Sempre há algo. De um jeito meio bobo, uma das primeiras coisas foi nadar em águas abertas, pois tenho medo disso. Depois que superei isso, o maior desafio foi acompanhar a evolução da relação entre Mia e a avaliadora, interpretada brilhantemente por Alicia Vikander.
No início, elas são adversárias, mas as alianças começam a mudar, e há um momento em que a personagem acredita demais no jogo que está jogando. O maior desafio foi garantir que o arco dos personagens avançasse, para que os dias da avaliação não parecessem repetitivos. Isso é difícil quando se está em um único local. Foi um trabalho muito colaborativo com Fleur Fortune, nossa diretora, que trouxe sua experiência visual dos videoclipes para criar uma linguagem cinematográfica única.
Kousha Navidar: Eu não tinha pensado no fato de que tudo acontece na mesma casa durante esses sete dias. Como atriz, encontrar novidades dentro desse espaço limitado deve ter sido um desafio.
Elizabeth Olsen: Sim. Não queríamos que o público se acomodasse com o tom do filme. Ele muda conforme os acontecimentos se tornam mais intensos. Foi muito divertido. E acho que vale a pena assistir nos cinemas por causa dos elementos visuais. É um daqueles filmes que entram sob sua pele, e essa experiência é mais intensa dentro de uma sala de cinema.
Kousha Navidar: Com certeza. O filme apresenta uma sociedade onde ter filhos é um privilégio, não um direito. Como esse sistema influencia as decisões dos personagens sobre seus parceiros e estilos de vida?
Elizabeth Olsen: Nessa sociedade, os recursos são escassos, e poucos chegam a essa etapa da avaliação. Antes mesmo do filme começar, os personagens já enfrentaram muitos obstáculos. Mia e Aaryan são cientistas que contribuem significativamente para a sociedade. Eles acreditam que, por causa disso, seriam ótimos pais. Mas o filme questiona: isso realmente importa? Contribuir para a sociedade significa que alguém merece ter um filho? Quem decide isso? Por que as pessoas querem ter filhos?
A mensagem que eu tiro do filme é que qualquer pessoa que deseja ter um filho merece essa oportunidade. Não precisa ser por altruísmo, nem por um desejo egoísta.
Kousha Navidar: Adoro que você tenha mencionado isso. Seu personagem, Mia, tem uma motivação bem interessante para querer ser mãe. Pode nos contar mais sobre ela?
Elizabeth Olsen: Descobrimos rapidamente que Mia se sente abandonada pela mãe, que deixou tudo para trás por motivos políticos. No mundo do filme, as pessoas vivem em uma bolha literal, protegida do ambiente hostil. A mãe dela escolheu ficar fora dessa bolha, e isso fez Mia se sentir rejeitada. Então, para Mia, ser mãe é uma forma de corrigir esse erro do passado. Às vezes, queremos consertar o que sentimos que não foi feito certo antes de nós. Acho que esse é o impulso dela.
Kousha Navidar: Também há uma tensão entre ela ser uma cientista respeitada e, ao mesmo tempo, ter que passar por essa avaliação rígida. Como Mia se sente em relação às regras do governo?
Elizabeth Olsen: Ela tem dificuldades com a ideia de ser controlada pelo Estado. Durante o processo, ela percebe que tem mais em comum com a mãe do que imaginava. A questão não deveria ser apenas prolongar a vida indefinidamente, mas sim deixar algo para a próxima geração. O filme a coloca diante desse dilema: se todos estão tentando viver para sempre, qual é o propósito disso?
Kousha Navidar: Também queria falar sobre a Avaliadora, personagem da Alicia Vikander. O casal precisa passar sete dias sendo avaliado por ela, o que gera momentos bem desconfortáveis. Vamos ouvir um trecho do filme.
[Trecho do filme]
Kousha Navidar: Dá para sentir a tensão só pelo áudio! O que esse trecho reflete sobre a história?
Elizabeth Olsen: Mia e Aaryan estudaram tudo para se apresentar como um casal perfeito. Mas, de repente, suas vidas são invadidas por uma mulher fria e rude, que tem poder sobre eles. E esse é apenas o primeiro dia. Depois disso, é uma verdadeira montanha-russa.
Kousha Navidar: E a relação entre Mia e a Avaliadora vai se transformando…
Elizabeth Olsen: Sim. Aos poucos, elas percebem que têm mais em comum do que pensavam. Em vez de serem apenas adversárias, se tornam vítimas de um sistema que as controla.
Kousha Navidar: Um filme intenso e cheio de camadas. Elizabeth Olsen, muito obrigado por estar aqui.
Elizabeth Olsen: Obrigada a você.