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A atriz, que interpreta Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate no MCU, diz que se tornar uma super-heroína também a ajudou a buscar projetos fora dos grandes filmes comerciais.

Elizabeth Olsen pode ser mais conhecida por estrelar uma franquia bilionária, mas ainda mantém suas raízes no cinema independente.

Três anos após sua estreia no filme independente Martha Marcy May Marlene (2011), um sucesso do Sundance que custou menos de um milhão de dólares, Olsen fez sua primeira aparição em uma década de participações no Universo Cinematográfico da Marvel como Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate.
Ela disse que aceitar o papel foi uma decisão inteligente — para não dizer lucrativa. Mas, embora Olsen tenha dito ao Business Insider que as possibilidades narrativas no MCU são “infinitas”, é importante diversificar seu trabalho fora dos blockbusters.

“Essas outras escolhas que você faz são incrivelmente importantes porque dizem muito sobre qual é a sua paixão”, disse Olsen.

Isso a levou ao seu papel mais recente no novo thriller distópico de ficção científica de Fleur Fortuné, The Assessment. Olsen e Himesh Patel interpretam Mia e Aaryan, um casal que concorda em passar por uma avaliação emocionalmente desgastante de sete dias para determinar se estão aptos a ter filhos.

Olsen ficou intrigada com a premissa distópica de The Assessment e com a oportunidade de trabalhar com Fortuné, que descreveu como uma cineasta visual incrível.

“Eu adorei o jogo e as regras do jogo que esses personagens precisavam jogar juntos”, disse Olsen. “Adorei como algo que acontece em um futuro próximo era tão contido. E eu realmente amo histórias que seguem suas próprias regras.”

Como um filme independente, The Assessment ofereceu uma atmosfera mais íntima, que permitiu que Fortuné, Olsen, Patel e a co-estrela Alicia Vikander se tornassem sua própria versão indie dos Vingadores: “Eu realmente senti que éramos nosso próprio pequeno grupo.”

Na última entrevista da série Role Play do Business Insider, Olsen reflete sobre as audições para séries policiais, o melhor conselho que já recebeu e como estrelar projetos da Marvel fortaleceu sua carreira no cinema independente.

Sobre fazer audições para qualquer coisa no início da carreira:

Você tem uma afinidade por interpretar personagens que passam por grandes cargas emocionais, desde sua estreia em Martha Marcy May Marlene. O que te atrai para esses papéis mais intensos?

EO: Com Martha, quero dizer, eu fiz audição para tudo naquela época. Fiz audição para Blue Bloods, para CSI, para qualquer coisa, fiz audição para Law & Order. Fiz audição para todas as coisas e acabou sendo um trabalho que consegui. Eu teria dito sim para qualquer emprego porque só queria ser uma atriz trabalhando. Aconteceu de eu ter muita sorte de ser um roteiro pelo qual eu estava totalmente obcecada e um personagem pelo qual eu realmente lutei.

Não quero me submeter a nenhum tipo de experiência extrema, mas acho que as extremidades do que significa ser uma pessoa no mundo são mais interessantes de explorar.
O que realmente me atrai agora é: quais são os protótipos ou personagens que já vimos antes e como podemos subvertê-los de alguma forma? Pelo menos no trabalho em que estou agora, é assim que me sinto.

Sobre trabalhar com Spike Lee no remake de Oldboy (2013):

Você teve a chance de trabalhar com Spike Lee bem no início da sua carreira. Como foi essa experiência?

EO: Você poderia ter me pedido para fazer qualquer coisa com ele, e eu teria feito. Adorei trabalhar com ele. Ele também é um cineasta muito gentil. É gentil com sua equipe, com seu elenco. Ele tem um lado juvenil que torna a experiência incrível. Me sinto sortuda por ter trabalhado com ele.

Sobre estar “apavorada” no set de Vingadores: Era de Ultron e por que os personagens da Marvel são como heróis gregos:

Já se passaram 10 anos desde que você interpretou Wanda em Vingadores: Era de Ultron. Com todo esse tempo e perspectiva, há algo que você vê de forma diferente sobre o filme ou sua experiência nele?

EO: Ah, eu estava apavorada. Estava muito assustada. Não sabia como ocupar espaço. E, na verdade, me senti bem com aquele filme. Acho que estabelecemos uma base para ela que continuamos desenvolvendo.
É ótimo ter passado 10 anos com o personagem. Isso é algo que normalmente só se consegue na televisão. Então, se alguém me pedisse para fazer isso de novo daqui a 50 anos, espero ainda estar por aqui para interpretar uma versão bem velha dela [Risos].

Sobre equilibrar a carreira dentro e fora do MCU:

O MCU é vasto, mas todos esses projetos podem consumir muito tempo. Como você equilibra interpretar esse personagem por tanto tempo e explorar outros materiais, como filmes independentes e séries como Sorry for Your Loss, Ingrid Goes West e Wind River?

EO: Bem, no final das contas, é apenas uma questão de agenda. Às vezes as coisas não dão certo, mas acho que essas escolhas se tornam muito importantes, porque se você só faz projetos da Marvel, outros produtores ou diretores podem presumir que você não quer trabalhar em algo pequeno ou na TV. Suas escolhas precisam refletir seus interesses.

Sobre como o poder da Marvel abre portas para novas oportunidades:

Qual foi a melhor decisão de negócios que você já tomou na carreira?

EO: Provavelmente fazer Marvel, porque se você pensa em negócios, está pensando em como garantir um futuro de curto e longo prazo.

A Marvel me permitiu atrair olhares e possivelmente dinheiro para projetos muito pequenos que talvez não fossem vistos de outra forma. Então, do ponto de vista comercial, isso foi muito útil.

Há um conselho que você mencionou que a guiou: “Não” é uma frase completa. Pode compartilhar um momento em que sentiu poder ao colocar esse conselho em prática?

EO: Bem, as primeiras que vêm à mente eu não gostaria de compartilhar, porque dizer não é algo muito empoderador, e também sou muito reservada em relação às coisas às quais digo não. Mas é importante saber que, independentemente do seu status ou da dinâmica de poder, você sempre tem esse poder.
Acho que o maior exemplo que consigo pensar — sem seentrar em detalhes — é algo que, olhando para trás, eu me pergunto: “Como tive a confiança para dizer isso?” Porque eu não estava em uma posição de poder. Era bem no começo da minha carreira, e eu me senti tão confiante para simplesmente expressar quais eram os meus limites. Então, sim, acho que esse é sempre um bom conselho.

Provavelmente foi a inexperiência que te deu coragem para simplesmente dizer isso, certo?

EO: Sim, tipo, “Tanto faz! É isso. Você pode aceitar ou deixar pra lá.” Acho que fiquei ainda melhor nisso depois. Mas sim, acho que é algo importante para todo mundo.

Fonte.

postado por admin no dia 01.04.2025

A estrela de The Assessment fala sobre a surpreendente ressonância do thriller e por que está animada com o renascimento das comédias românticas.

Elizabeth Olsen tem uma alta tolerância para histórias sombrias: ela já interpretou uma feiticeira vilã (no Universo Cinematográfico da Marvel), uma dona de casa assassina (Love & Death, 2023) e mais de uma jovem consumida pelo luto (Sorry For Your Loss, His Three Daughters, e novamente no MCU). Mas ela descreve seu novo filme, The Assessment — um thriller distópico ambientado em uma sociedade com escassez de recursos — como algo surpreendentemente divertido.

“Eu achei muito empolgante e lúdico, algo que nunca tive a oportunidade de explorar”, disse Olsen ao Bustle via Zoom.

Agora nos cinemas, o filme acompanha os cientistas Mia (Olsen) e Aaryan (Himesh Patel), que concordam em passar por um teste de uma semana, no qual uma funcionária do governo, Virginia (Alicia Vikander), se muda para a casa deles para decidir se o casal é adequado para ter filhos. À medida que a avaliação de Virginia toma rumos cada vez mais sombrios e tortuosos — em alguns momentos, ela explode como uma criança destrutiva —, o casal é levado ao limite. Parece pesado? “O filme inteiro tem um certo leveza”, diz Olsen, de 36 anos, com entusiasmo. “Sempre há um senso de humor e diversão. Nunca me senti sobrecarregada com este [filme], porque não me sinto assim ao refletir sobre a nossa existência e as grandes questões da vida. É a única coisa que quero fazer todos os dias — o que talvez torne jantares um pouco cansativos.”

A seguir, Olsen fala sobre o valor da ficção científica, histórias sobre parentalidade e por que está animada com o retorno das comédias românticas.

O que te atraiu em The Assessment?

A ficção científica é um gênero brilhante para que nós, como espectadores, possamos teorizar e refletir sobre nossa existência. É um espaço imaginário onde simplesmente aceitamos as regras daquele mundo. E achei que este filme abordava esses temas de maneira muito elegante — seja sobre tornar-se pai ou mãe, os recursos que usamos no planeta, a busca por prolongar a vida ou o meio ambiente.

Sua personagem tem dificuldade em seguir o jogo diante das atitudes de Virginia, mesmo sabendo que isso seria o melhor para ela. Você pode contar sobre um momento na sua vida em que fingir algo foi realmente difícil?

Sou péssima em fingir e me beneficiaria em ser melhor nisso. Sempre fui honesta até demais, [até] quando era criança. Acho que o mais difícil às vezes é quando você precisa responder a alguém que está sendo rude, mas, ao mesmo tempo, manter sua dignidade sem ser rude de volta.

O conceito de “finja até conseguir” é difícil de aceitar?

Há um benefício em entender como alguém espera que você se comporte e agir dessa maneira. Mas eu nunca fui boa nisso e, para ser sincera, nunca tentei de verdade.

A maternidade é um tema recorrente em vários dos seus papéis, incluindo a Feiticeira Escarlate. O que te fascina em interpretar mães ou mulheres que desejam ser mães?

O que fazemos pelas pessoas que amamos e os sacrifícios que fazemos por elas — isso é algo incrivelmente relacionável.

No filme, esses personagens são cientistas excepcionais e acreditam que podem contribuir para a sociedade ao terem um filho. Mas isso levanta a questão: e daí se você for uma pessoa excepcional? Todos merecem o direito primordial de serem pais, se quiserem. Existem tantas razões para alguém desejar isso, e isso não é da conta de ninguém. Esse dilema de quem tem acesso aos recursos é outra reflexão importante.

Interpretar esses papéis mudou sua forma de pensar sobre ter filhos? Você leva lições ou aprendizados dos seus personagens para a vida?

Não muda como eu vivo. Acho que é mais o contrário: minha vida influencia a maneira como interpreto personagens. Minhas crenças determinam por que quero contar certas histórias. Se há um diálogo entre as duas coisas, é por isso que sou atraída por certas narrativas.

Sua personagem tem dificuldade em se encaixar no mundo ao seu redor. Isso ressoou com você?

Esse sentimento vem do abandono que ela sentiu por parte da mãe. Ela escolheu culpar a mãe em vez de tentar entender por que ela tomou essa decisão. Todos passamos por momentos assim. Muitas vezes, se nos colocarmos no lugar do outro, podemos perceber que há algo muito mais profundo e complicado por trás das escolhas que as pessoas fazem.

Temos dificuldade em enxergar além da nossa própria perspectiva, não é?

Tive um momento assim com a minha avó. Nunca fui muito próxima dela porque ela viajava o tempo todo e não estava presente. Sempre senti que ela não se importava em ser avó. Mas, um Natal — ela tinha 94 anos —, acabamos tendo uma conversa de três horas, só nós duas. Falamos sobre sua infância, sua vida como mãe solteira de quatro filhos trabalhando em fábricas para sustentá-los. Foi muito difícil para ela, e então, já mais velha, conheceu alguém, se apaixonou e decidiu viajar pelo mundo. Ela teve uma infância terrível, e ouvir essa história me fez perceber o quanto me pareço com ela: eu também quero viver, viajar, explorar. A oportunidade dela veio mais tarde, mas agora sou grata por ter essa chance.

Que história incrível! Você também tem uma comédia romântica saindo em breve com Miles Teller e Callum Turner. O que pode nos contar sobre ela?

É um filme no estilo Billy Wilder. Clássico e atemporal. Estou muito animada para lançá-lo no outono. É um filme acolhedor, emocionante e engraçado, que fará as pessoas se sentirem bem. É uma história especial sobre como olhamos para nossa vida, não somente um momento específico, mas sua totalidade. É uma reflexão sobre o presente que é estar vivo e sobre quem escolhemos para compartilhar esse tempo.

Estou animada para esse filme! Também adoro a ideia de um renascimento das comédias românticas.

Eu também, especialmente porque as pessoas estão tentando trazer algo novo para o gênero. Acho que o problema antes era tentar torná-las muito “atuais” em relação à cultura. Mas não dá para acompanhar o ritmo acelerado da cultura, então o segredo é ser mais inventivo.

Fonte.

 

postado por admin no dia 27.03.2025

A ficção científica é o cenário perfeito para espelhar o estado do nosso mundo em situações intensificadas. O futuro é um território fértil para pegar uma preocupação atual, torcê-la apenas o suficiente e criar uma linha do tempo alternativa assustadora para ver aonde esses medos podem nos levar. A autonomia corporal é sempre um tema controverso, especialmente quando se trata de gravidez. À medida que as restrições ao direito da mulher de decidir sobre sua própria gestação aumentam aparentemente a cada ano, um futuro distante no qual o governo tem controle total sobre quem pode dar à luz não parece tão chocante. Na verdade, não há momento melhor do que o presente para explorar o lado mais sombrio disso.

Se passando em um tempo indeterminado no futuro, The Assessment acompanha o casal Mia (Elizabeth Olsen) e Aaryan (Himesh Patel) em sua tentativa de ter um filho. O problema é que eles vivem em uma parte da Terra isolada do que é conhecido como o “Velho Mundo”. Crises climáticas forçaram o governo a apertar o controle sobre os cidadãos. Se você seguir as regras, ao que parece, pode viver dentro desse paraíso sem poluição. Infelizmente, a capacidade de gerar uma vida e formar uma família, caso você deseje, depende inteiramente do governo. É necessário preencher um pedido e, se aprovado para a próxima etapa, um Avaliador será enviado para morar com você por sete dias. O papel do Avaliador é observar como o casal funciona junto e como responde a situações de estresse; então, com base exclusivamente em sua opinião, será concedido ou não o direito de ter um filho.

Isso já seria frustrante o suficiente para os casais mais unidos, mas Mia e Aaryan não recebem qualquer Avaliadora – eles recebem Virginia, interpretada por Alicia Vikander. Inicialmente indecifrável, o primeiro dia de Virginia com o casal remete à excelente atuação de Vikander em Ex Machina: robótica, fria e impassível, ela é a encarnação de carne e osso de todo burocrata sem rosto com quem você já falou ao telefone. No entanto, no segundo dia, Virginia revela estar envolvida em algo completamente diferente, e os papéis de Avaliadora e Avaliados – e se tudo isso faz parte do plano do governo – começam a se confundir em um redemoinho deliciosamente insano.

Vikander, entregando a performance mais imprevisível de sua carreira, é eletrizante e impossível de ignorar. Sua interação com Elizabeth Olsen, que alterna habilmente entre uma futura mãe calma e uma esposa à beira do colapso, se transforma em um duelo intelectual fascinante. As questões sobre o casamento de Mia e Aaryan, seu compromisso com a “causa” do governo e até mesmo seu caráter como indivíduos são todas lançadas em dúvida. A diretora Fleur Fortuné, veterana em videoclipes e estreando em longas-metragens, visualiza seu futuro com uma mistura de familiaridade e absurdo. Sofás gastos e obras de arte se entrelaçam ao laboratório de Aaryan, onde ele cria animais de estimação digitais, já que os reais foram proibidos há décadas. A estética futurista de Fortuné já se destacava em seu trabalho, seja nos videoclipes do M83 ou na campanha afrofuturista da Chanel com Pharrell. Seu estilo distinto permite que o público mergulhe nessa realidade com uma leve sensação de desconforto. Para isso funcionar, são necessários atores fortes e comprometidos, capazes de ancorar o desconhecido em algo palpável – e, com Olsen e Vikander, Fortuné tem duas das melhores nessa função.

Recentemente, as atrizes conversaram conosco sobre o que as levou a acreditar na visão de Fleur Fortuné, como brincaram com ideias do mundo real e por que é tão divertido habitar esses tipos de papéis.

The Film Stage: Gostei muito de The Assessment por vários motivos, mas adoro o fato de que ele não se parece com um típico filme distópico. O mundo parece vivido, sem artifícios exagerados. Há vida vegetal ao redor, um litoral inteiro, sofás desgastados, janelas no estilo Piet Mondrian. Quando vocês mergulham em um mundo assim, um futuro que não é o nosso, esses elementos visuais ajudam na imersão?

Olsen: Acho que sim. Também acredito que, como filmamos primeiro os exteriores em Tenerife, isso influenciou muito os recursos reais usados para construir os cenários e o mundo que habitávamos. Tenerife era muito rochosa, vulcânica, com ventos fortes. Havia incêndios florestais acontecendo enquanto filmávamos, e a água era realmente intensa. Acho que isso serviu de referência tanto para Fleur quanto para nossa diretora de arte. Eles queriam usar os recursos naturais desse local. E o cenário era vibrante, então, de certa forma, essa vivacidade nos deu um palco para atuar – as cores eram intensas, os cenários eram expansivos.

Vikander: Adorei o que você disse também, Brandon. O filme parece vivido, e isso, para mim, foi algo que se destacou. Como você mencionou, muitos filmes dentro desse gênero são minimalistas e seguem uma estética específica. O que gostei foi que Jan [Houllevigue], o designer de produção, focou no mundo em que esses personagens viveram e nas memórias desse mundo, contando histórias por meio dos cenários. Você podia ver pequenos detalhes e entender as escolhas por trás do que as pessoas guardavam. E adorei o fato de que, se você encontrasse plástico, era porque aquilo era raro, provavelmente um dos artefatos mais valiosos de um mundo distante. Todo o resto era muito orgânico.

Olsen: O plástico não se decompõe. Ele apenas fica ali, poluindo a Terra. Então, temos esses pequenos pedaços de brinquedos de plástico.

Vikander: Sim, que eles provavelmente encontraram na praia.

Olsen: Sim, em vez de colecionar vidro ou algo assim.

Vikander: Exatamente. Então, havia muitos desses pequenos detalhes que nem aparecem no filme, mas que foram como pequenas joias para nós enquanto explorávamos o set.

The Film Stage: Este filme é muito inteligente ao colocar o espectador em um ambiente familiar, porque, além da ficção científica, no fundo é uma história sobre um casal que deseja ter um filho. Adoro como esses pequenos momentos da vida cotidiana são incorporados à narrativa, como naquela cena excelente, Elizabeth, em que você e Himesh precisam montar o cercadinho juntos. Você poderia falar um pouco sobre isso?

Olsen: Acho que, para Himesh e para mim – já que há grandes segredos entre os personagens e algumas conversas importantes que eles nunca tiveram –, nós dois discutimos muito sobre o que os conectava mais: o respeito mútuo, o apreço pelo trabalho um do outro e essa admiração que compartilham. Eles funcionam bem como uma equipe, e isso nos guiou na interpretação. Mas quando chegam ao ponto de se frustrar montando o cercadinho, isso foge um pouco do que normalmente seriam. Acho que, em geral, eles são mais pacientes e bons em resolver problemas. Só que a pressão que estavam enfrentando tornou essa situação mais desafiadora para nós como atores, e foi divertido. Muita coisa foi improvisada, e pudemos explorar as pequenas microagressões que vão crescendo até se tornarem irritação real, agressividade e exaustão um com o outro. Eu mesma já passei por isso montando cadeiras Adirondack que não vinham com instruções.

Vikander: Eu venho do mundo da Ikea, então já passei por isso também. Mas é aquela coisa que você mencionou antes: a falta de sono. É como… Tenho certeza de que eles funcionam como cavalos de corrida, mas, em determinado momento, simplesmente…

Olsen: … a exaustão.

Vikander: Você simplesmente fica exausto! E essa foi uma das coisas que mais ouvi de pais antes mesmo de me tornar mãe. Mas é verdade. Você começa a se perguntar: “Eu realmente fiz isso ontem à noite? Eu agi assim? Eu disse isso?” Parece que não é você mesmo. Às vezes, você age fora do seu próprio caráter como pai ou mãe. Pelo menos eu senti isso. Precisei me redescobrir nesse novo papel.

The Film Stage: Alicia, falando um pouco sobre isso, essa é uma performance incrível e intensa. No começo, você é um pouco rígida e robótica, quase como Ava em Ex Machina. Mas, conforme sua personagem se revela, você se torna quase infantil, até mesmo animalística. Como você encontra a humanidade em alguém assim?

Vikander: Acho que essa foi uma das coisas que mais me assustavam, mas também algo que eu tinha muito claro na minha cabeça. Queria me desafiar a fazer escolhas ousadas, mostrar que Virginia tem essa capacidade de criar versões de si mesma, de aplicar esses testes. Mas, no fim do filme, a cortina se abre um pouco, e começamos a entender quem essa mulher realmente é e por que seu comportamento é assim.

E acho que, quando se interpreta uma criança, é preciso trazer esse comportamento infantil… O que mais me chama a atenção quando observo crianças é que elas são quase completamente inconscientes, e isso as torna incrivelmente autênticas e presentes no momento. Como adultos, sentimos que somos mais artificiais, e acho que há algo admirável nisso. Então, eu queria garantir que não fosse uma caricatura. Afinal, já temos uma pessoa adulta agindo desse jeito, o que por si só adiciona um toque absurdo. Minha intenção foi evitar exageros e torná-la o mais real possível.

The Film Stage: É uma loucura, porque sei que vocês são profissionais, mas algumas cenas são tão desconfortáveis que eu não conseguia parar de rir – elas acabam ficando um pouco engraçadas.

Olsen: Acho que tem que ser assim!

Vikander: Eu adorei fazer essas cenas!

The Film Stage: Como são esses dias no set, sabendo que vão ter que filmar, por exemplo, uma briga de comida sendo adultos?

Vikander: O ponto principal é que, sim, há brigas de comida em filmes. Mas quando você adiciona o fato de que esse casal está tentando não questionar a situação, apenas seguir em frente… é aí que tudo fica mais estranho.

Olsen: Sim, é nesse momento que se torna mais desconfortável. Quando eles sentem que não têm controle sobre nada e são forçados a participar do jogo.

Vikander: Exato. Todo mundo só quer que aquilo pare.

Olsen: Acho que, por isso, houve momentos em que todos nós simplesmente ríamos do quão absurda era a situação. Uma das coisas mais engraçadas para mim foi ver Aaryan e Virginia brincando no escritório dele, imitando animais. Porque havia uma energia sexual estranha ali, mas, ao mesmo tempo, era só uma brincadeira. E aí você imagina uma mulher adulta entrando na sala e vendo seu marido com outra mulher nas costas dele, e ainda assim tentando…

Vikander: [cantando] “Eu não sei do que você está falando!” [Ambas riem]

Olsen: É tipo, “O quê?” Achei isso muito engraçado.

The Film Stage: Elizabeth, acho que você tem feito alguns dos melhores trabalhos da sua carreira recentemente, tanto aqui quanto em His Three Daughters, que eu também adorei. Esses são filmes bem menores do que o público geralmente te vê atuando, já que estão acostumados com produções grandiosas. Há desafios ou liberdades em trabalhar em filmes de locação única como esses?

Olsen: Acho que ambos. O desafio é: como continuar contando uma história dinâmica dentro de um espaço tão específico, mantendo o ritmo? E como criar um arco que se desenrola em um único ambiente? Sinto que isso é, em grande parte, trabalho da diretora, e nós tentamos entender a composição, as mudanças de alianças – essa dinâmica, que é muito divertida para nós. Eu adoro trabalhar dessa forma. Parece que, o dia todo, estamos obsessivamente resolvendo problemas em grupo, em vez de simplesmente chegar ao set, dizer nossas falas e dar uma opinião. Boa parte do processo é criar uma sequência junto com outros atores, a diretora e o diretor de fotografia, tentando encontrar a melhor forma coletiva de contar a história dentro daquele espaço. Acho que esse é o objetivo dessa arte.

The Film Stage: Parte da diversão de assistir ao filme está na performance dentro da performance. Alicia, você interpreta múltiplos papéis como a Avaliadora, e Elizabeth, você e Aaryan são forçados a encenar diferentes “espetáculos” para Virginia. Como vocês lidam com essa necessidade de interpretar vários papéis dentro de um único personagem?

Vikander: É interessante. Obviamente, há muito trabalho de preparação envolvido. Não estava explicitamente escrito no roteiro, mas eu tinha uma ideia. Acho que havia algumas pistas no diálogo sugerindo que Virginia assumia diferentes idades. Então, tentei diferenciar isso, imaginando que os cenários criados pela Avaliadora eram baseados em uma criança em diferentes estágios da vida. Mas, quando você começa a filmar, sempre acontece algo inesperado – especialmente depois de um terço do filme –, e esses momentos se tornam marcos que moldam a atuação.

E o trabalho que a Lizzy acabou de mencionar sobre a resolução de problemas em grupo, chegando a soluções e ideias que você nunca imaginou. Isso é a beleza do trabalho, e é por isso que eu amo essa profissão. Com isso, você começa a jornada pessoal, ela começa a se transformar. Você começa a sentir a coisa de dentro, a entender profundamente e a conhecer o seu personagem. E, depois de um tempo, sempre sinto que, no final, quando você está certo, fico pensando: “Ah, agora eu poderia ter feito um pouco mais, voltar uns dias.” Porque agora sinto que entendi totalmente esse personagem. E os diferentes papéis acabam sendo, na verdade, os mesmos papéis, só versões bem claras de quem essa pessoa é.

Olsen: Sim, como a Alicia disse: você faz tanta preparação para o arco da história, entendendo a jornada, você filma fora de ordem, então precisa criar esses pilares ao longo do caminho. E acho que o que me surpreendeu foi o elemento – acho que para responder sua pergunta mais diretamente – foi a ideia de que a Mia poderia potencialmente ficar… isso estava no roteiro, mas eu não acho que realmente abracei isso até que a Alicia e eu começamos a ter essas outras conversas sobre esse relacionamento mais íntimo entre as duas mulheres. Esse tipo de transferência de confiança e como se envolve na intimidade do relacionamento que elas constroem. E depois sentindo, quer dizer, você precisa disso para ela se sentir tão traída no final. Então, isso estava no roteiro, mas existem apenas elementos que senti que eu fiz muito bem…

Vikander: Nós trouxemos muita complexidade para isso, talvez mais do que estava no roteiro. Para mim, uma das minhas cenas favoritas é quando você me faz tomar um banho.

Olsen: Ah, sim. Também gosto muito dessa cena.

Vikander: Sim. E foi quando eu pensei: “Ok, agora estamos contando uma história dentro da história, e isso se sente completo.” E de repente senti que, pelo menos ali, conseguimos conhecer nossos dois personagens. E o filme como um todo, você pode até ver na edição final que isso está ali. Definitivamente é o coração da história, nossos dois personagens.

The Film Stage: Quero falar um pouco sobre a política de The Assessment. A autonomia corporal nunca deixou de ser um tema polêmico – especialmente neste país. O que atraiu vocês a contar essa história neste momento? Como construíram confiança com Fleur para trabalhar em algo assim, sendo o primeiro longa dela?

Vikander: Bem, para ser honesta, eu li o roteiro e já estava muito intrigada com a história, e senti que ela realmente manteve minha atenção desde o início. E então, eu procurei todo o trabalho da Fleur antes de ter a minha primeira conversa com ela, e fiquei completamente impressionada com a linguagem visual e a precisão do trabalho dela como diretora nesses filmes bastante longos… é quase como se fossem curtas-metragens. E então, na verdade, tive o ensaio inicial e entrei no projeto. Eu só queria deixar claro para ela que ela foi uma das diretoras mais confiantes com quem trabalhei em um tempo. E sim, é o primeiro longa dela, mas ela sabia exatamente o filme que queria contar e tinha uma ótima forma de me inspirar, senti que ela também mostrava confiança.

Eu adoro que ela me mandava, porque eu estava pensando: “Como você quer que eu interprete esse personagem? Quais são as suas ideias?” E então eu recebo uma mensagem dela. Ela começa a me enviar fotos de uma mulher em um terno oversized, tipo um terno de trabalho, de cabeça para baixo, correndo em uma foto pela sala. E eu pensei: “Sim, eu entendo isso.” De repente, fiquei tipo, “É isso.” E esse é o trabalho que às vezes pode demorar um pouco para um diretor aprender a linguagem, como se comunicar com seus atores. E eu pensei, “Isso é confiança. Isso é muito legal.”

Olsen: Respondendo sua primeira pergunta, acho que a elegância dessa história, por viver no gênero de ficção científica futurista… a razão pela qual eu acho que as ficções científicas são tão poderosas, é porque não há pressão para refletir diretamente a cultura de hoje, o que às vezes pode fazer com que você se sinta defensivo como espectador. “Alguém está tentando me ensinar uma lição” ou “isso não é o que o nosso presidente é,” ou qualquer coisa assim. Quando você tem a liberdade de algo que está fora da tela, mas que são valores e ideias e teorias que todos nós, às vezes, pensamos ou falamos em diferentes momentos da vida. Talvez surjam durante uma grande situação política, talvez durante uma tragédia, mas começamos a ter essas conversas.

E filmes como este simplesmente permitem, eu acho, que você reflita. Não para te dizer como se sentir ou o que pensar ou te contar que o futuro é sombrio. Mas eu acho que é mais sobre reflexão e estimular esses pensamentos para sua própria vida. E eu nunca vi este filme como um aviso, e eu não vejo o futuro de forma sombria porque tenho fé demais na bondade humana. Então, acho que, no final das contas, esse filme é sobre isso: a vontade da humanidade de sobreviver e a bondade primal de atos de serviço aos outros. Sim, então é isso que eu amei nesse filme, porque é mais sobre reflexão do que sobre te dizer uma tese sobre onde estamos hoje.

Fonte.

postado por admin no dia 26.03.2025

Durante as filmagens do drama indie distópico The Assessment, as estrelas Elizabeth Olsen e Alicia Vikander perceberam que a natureza era um elemento crucial para compreender o estranho e hipnotizante mundo de ficção científica do filme.

Atualmente nos cinemas, o longa-metragem de estreia de Fleur Fortuné se passa em um cenário pós-apocalíptico no qual casais precisam passar por um teste administrado pelo governo para ver se têm permissão para se tornarem pais. Mia (Olsen) e Aaryan (Himesh Patel) aceitam receber em sua casa uma avaliadora chamada Virginia (Vikander), que os observará por sete dias. Logo, eles descobrem que a avaliação exige que o casal demonstre literalmente suas habilidades parentais, pois Virginia se comporta como uma criança de verdade, necessitando ser alimentada e banhada.

À medida que a avaliação se desenrola, o público também descobre as condições que levaram a essa sociedade em que o governo controla a reprodução. A vida de Mia e Aaryan mistura elementos ultramodernos e familiares — sua casa fica à beira-mar, equipada com comandos de voz inteligentes e um “escritório” onde Aaryan gera animais virtuais. Mia cuida de uma estufa de plantas nas proximidades e nada no oceano. Sua sociedade é separada do “velho mundo”, uma área da Terra destruída por uma crise climática que quase exterminou a humanidade anos antes.

Esse desastre paira sobre a narrativa, permitindo que o filme levante questões sutis sobre parentalidade, ética e meio ambiente. Olsen e Vikander conversaram com a Variety via Zoom sobre as filmagens nas Ilhas Canárias, na Espanha, como o ambiente natural influenciou a produção e como construíram a fisicalidade dos personagens.

VARIETY: Como foi trabalhar com Fleur?

VIKANDER: Acho que tivemos uma experiência maravilhosa. É muito bom reencontrar todos agora. Conversamos bastante sobre como ficamos muito inspiradas quando conhecemos o trabalho dela, vendo os videoclipes e até mesmo os curtas-metragens que ela fez antes. Ela é uma diretora com um senso visual muito forte, o que é realmente impressionante. E sabendo disso, depois de ver seu trabalho, sabíamos que ela abordaria essa história misturando os temas e elementos desse drama tão íntimo. Ficamos muito animadas para trabalhar com ela. E sim, é seu primeiro longa-metragem, mas desde o início ela sabia exatamente o filme que queria fazer. Ela tem uma maneira muito impressionante de comunicar sua visão e suas ideias desde o primeiro momento.

OLSEN: Sim, ela é uma pessoa muito singular. E, para citar o marido dela, ele sempre diz que existe um “filtro Fleur”. Você pode ler um livro e pensar em algo que está nele, mas a maneira como a Fleur processa essa informação é completamente única.

VARIETY: Sei que Fleur mencionou que sua inspiração para o filme veio de sua experiência com fertilização in vitro (FIV) e que ela comparou isso com a situação atual dos direitos reprodutivos. Vocês também pensaram na premissa do filme sob essa perspectiva?

OLSEN: Como atores, nos conectamos com histórias de maneira sempre muito pessoal, e acho que o que me libertou nesse filme foi o fato de ele não apresentar uma tese clara sobre o que pensar, acreditar ou sentir. Ele cria um espaço para você refletir sobre seus próprios direitos inatos. Permite que você reflita sobre os recursos que usamos neste planeta, sobre por que queremos nos tornar pais, quem tem acesso a esses recursos e por que alguém merece usá-los. São muitas questões oferecidas de maneira elegante para que o público saia do cinema refletindo, sem receber uma conclusão pronta. Você tem esses pensamentos e experiências dentro de um jogo que os personagens jogam entre si. Há um humor absurdo e, ao mesmo tempo, um drama envolvido.

O que vocês acharam do cenário de ficção científica ao ler o roteiro? Ele é bem diferente de outros filmes do gênero.

VIKANDER: Desde o início, tivemos a sensação de que seria algo bem diferente. Eu adorei a estética terrosa, intensa, orgânica, com cores fortes, algo que nos afastava daquele minimalismo que costumamos ver no gênero. Também gostei muito da forma como a natureza teve um papel central. Filmamos os exteriores em Tenerife, e foi um ótimo ponto de partida para estarmos em meio aos elementos naturais, ao vento e até mesmo aos incêndios florestais que estavam acontecendo enquanto estávamos lá. Acho que isso acabou sendo incorporado ao espaço de convivência no filme. Foi maravilhoso ver como o mundo anterior ainda se refletia na casa — pequenos vestígios de materiais e objetos que existiram antes, dando a sensação de um espaço vivido e real.

VARIETY: Falando sobre aquela casa, quando você pisou no set, qual foi sua reação ao ver como eles transformaram a descrição dessa casa futurista em algo tangível? Ela correspondeu ao que você imaginava?

OLSEN: Acho que existe um filtro Fleur. Eu não sabia exatamente como seria, mas achei que ficou muito claro para nós o privilégio que esses dois personagens têm. Acho interessante que Aaryan e Mia sejam membros privilegiados da sociedade, não por causa de um capitalismo aleatório, mas por serem extremamente úteis para aquele mundo devido ao seu trabalho e às suas descobertas científicas. Mesmo em uma distopia futurista, há algo fascinante na ideia de que as pessoas que mais criam, que são as mais úteis, são as que desfrutam desse privilégio. Não acho que realmente respeitamos as pessoas que tornam o mundo um lugar seguro e habitável, então esse aspecto me interessou bastante.

Mas era evidente o privilégio deles dentro daquele espaço, porque a casa é imensa. O que eu mais queria ver era o escritório de Aaryan e a minha estufa. Em relação ao escritório dele, estava curiosa para saber como criariam aquele espaço infinito. Eles usaram uma areia preta que refletia a ilha vulcânica onde estávamos, e tudo o que ele construía vinha dessa areia. Cada detalhe foi pensado com muito cuidado, desde os tijolos que poderiam ter existido naturalmente naquele espaço até os objetos trazidos pela maré de um mundo passado. Foi um set realmente notável para um filme com um orçamento tão pequeno.

VARIETY: Alicia, quero te perguntar sobre interpretar Virginia. Como você conseguiu atuar como uma criança? Quanto ensaio foi necessário?

VIKANDER: Sempre ensaiamos no dia, mas há um certo prazer tanto para quem está atuando quanto para quem está recebendo essa atuação quando existe um elemento de surpresa no momento. Foi algo que me deixou nervosa, mas também estava animada para finalmente explorar esses lados de Virginia. Fiz uma preparação intensa, sim, na minha própria casa. Mas, na época, eu tinha um filho de dois anos e, na verdade, estava com quatro, quatro meses e meio de gravidez no final das filmagens. Então, tive bastante inspiração.

O que mais me surpreendeu foi que muitas memórias antigas voltaram para mim enquanto eu fazia essas cenas. Comportamentos que eu mesma tinha quando era muito, muito jovem, quase como lembranças esquecidas. Percebi que certos gestos e emoções vinham naturalmente, como coisas que me deixavam frustrada, felizes ou com medo. Eu não queria fazer uma caricatura, mas sim algo real e profundo, algo que talvez fizesse os outros personagens se conectarem comigo.

VARIETY: Qual foi o aspecto mais difícil de atuar como uma criança?

VIKANDER: Com a idade, a gente para de usar tanto o corpo. É incrível ver como as crianças são forças da natureza. Manter esse nível de energia foi um desafio. Meu cérebro estava sempre funcionando, sempre pensando no que fazer em seguida, sempre entediado e querendo algo novo. Foi um processo constante, e quando finalmente consegui acessar isso, foi muito útil. Mas, fisicamente, foi bem cansativo.

VARIETY: Elizabeth, como a natação influenciou sua abordagem para Mia e a forma como você entendeu a personagem?

OLSEN: Ela está tão conectada com o corpo e com a natureza que isso precisava transparecer em todos os aspectos da personagem — desde as roupas que ela usa até a maneira como cuida do cabelo. Há uma certa selvageria e naturalidade na forma como ela se move. Só quando está perto da avaliadora é que ela começa a se sentar de forma diferente, tentando ser o mais educada possível. Ela vem de um contexto onde sua mãe era uma mulher livre, poderosa e corajosa, e ela tem sentimentos conflitantes sobre isso. Normalmente, quando construo personagens, começo pela voz — seja com um sotaque ou uma mudança vocal. Mas, para Mia, isso não fazia sentido. Então, a construção dela foi muito mais física, de estar presente no corpo de uma forma que eu nunca tinha explorado em um filme antes.

VARIETY: E em relação à estufa, como foi estar nesse espaço físico e ter esse contato direto com as plantas? Como isso moldou sua personagem?

OLSEN: O mais incrível é que tudo era real. O sistema de irrigação que eles construíram era real. As plantas eram reais. Nenhuma delas era falsa. Foi algo muito poderoso. A estufa foi construída em Tenerife, em meio às rochas vulcânicas. Ver aquelas flores e plantas delicadas sobrevivendo ali, enquanto incêndios florestais aconteciam na ilha e ventos violentos sopravam constantemente, fez com que tudo parecesse ainda mais precioso.

VARIETY: Elizabeth, como a relação de Mia com sua mãe influenciou a forma como você interpretou a personagem e sua visão de mundo?

OLSEN: Acho que há um sentimento de abandono quando você é criança e alguém escolhe ir embora. Eu tive essa experiência com a minha avó, com quem eu não era muito próxima. Mas, um dia, passei o Natal ao lado dela e começamos a conversar sem parar. Eu nunca tinha passado tanto tempo com ela. Perguntei sobre sua infância, e sua história era inacreditável. Ela teve uma vida extremamente difícil, foi mãe solo de quatro filhos logo após a Segunda Guerra Mundial e trabalhou duro em fábricas. Quando teve a chance, já adulta, de se casar novamente e viajar pelo mundo, ela aproveitou. Isso me tocou muito. Pela primeira vez, entendi sua história e todas as vezes que pensei “minha avó nunca está por perto” quando criança desapareceram. Percebi que ela viveu a vida dela, e isso era algo poderoso e corajoso.

É assim que vejo Mia em relação à mãe. Inicialmente, ela sente que foi abandonada porque sua mãe escolheu suas crenças em vez de criar os filhos. Isso gera muita raiva e ressentimento. Mas chega um momento da vida em que você perdoa e começa a admirar a coragem dessa escolha. Você percebe que viver de forma autêntica e não seguir um caminho apenas porque a sociedade impõe é algo valioso. Temos uma vida — como escolhemos vivê-la? Acho que essa é a base da grande decisão que Mia toma no final do filme.

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postado por admin no dia 26.03.2025