“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”: um corajoso, e inovador, retorno de Sam Raimi à Marvel.
É perceptível que cada vez mais a Marvel está dando liberdade aos seus diretores e seus estilos únicos, como o caso de Chloé Zhao em “Eternos” ou James Gunn com “Guardiões da Galáxia”. Sam Raimi desta vez conseguiu juntar o que os fãs ansiosamente aguardavam para um filme padrão da Marvel, em cima de um gênero completamente novo.
Se você já conhece outros trabalhos de Raimi, você perceberá logo de cara que esse filme é dele.
O filme está longe de se distinguir da receita de bolo costumeiramente proposta pela Marvel, porém, o seu ritmo é muito didático, podendo ser até rápido demais para alguns espectadores. Aquilo que me surpreendeu, foi a forma como os roteiristas Michael Waldron (“Loki”) e Jade Halley Bartlett conseguiram criar uma narrativa, que depende de obras anteriores para acontecer, mas que ainda tem potencial para atrair um público não tão familiarizado com o MCU (Universo Cinematográfico Marvel) para os cinemas.
Este quesito foi algo que me assustou desde o começo da divulgação do filme.
Como poderiam introduzir tantas histórias em algumas horas? Será que isso seria um empecilho para possíveis novos fãs do MCU?
Por mais que “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” seja um filme que apresente novos personagens, não é um filme que os desenvolve. O queridinho Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), manteve seu perfil sarcástico, solitário e pronto para salvar o dia a qualquer momento. No entanto, Cumberbatch pôde se desafiar com diferentes tipos de interpretações do mesmo personagem, dentro desta temática do multiverso.
E claro, temos a introdução de America Chavez (Xochitl Gomez) ao MCU, uma personagem super autêntica, como nos quadrinhos, e que deixou todos os fãs com um gostinho de quero mais.
Já a personagem, diretamente responsável por toda a trama do filme, Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), rouba a cena como essa antagonista temida por todos. Por mais que seja um filme solo do Doutor Estranho, este foi essencial para a trajetória da personagem que acompanhamos desde “Era de Ultron”.
Sendo assim, é importante enfatizar a performance de Olsen, que soube muito bem mostrar uma versão de Wanda Maximoff que nunca foi vista pelos fãs do MCU. Uma Wanda mais confiante e no controle total de seus poderes.
Na série “WandaVision”, da Disney+, conhecemos esse lado determinado da personagem de fazer de tudo para conseguir o que tanto almeja, custe o que custar. Já adianto, se você é fã da personagem, assim como eu, se prepare para uma mistura de sentimentos.
A estética desse filme varia muito, principalmente por causa da temática do multiverso. Um filme que mescla cenários sombrios e escuros, para até uma realidade totalmente colorida e cheia de vida. E se vamos falar de visual, precisamos falar de áudio, que sem dúvidas nessa obra recebeu grande destaque. Danny Elfman apresentou uma trilha sonora sinfônica imersiva, principalmente nas cenas de batalhas.
Como na obra anterior de Doutor Estranho um dos pontos altos são os efeitos especiais, em um filme que navega no multiverso não seria diferente. Em realidades das mais diversas, o CGI (Computação Gráfica) foi excepcional. Porém, nas cenas de luta a qualidade foi perdida, parecendo muito mais uma luta de videogame do que de um filme blockbuster.
O filme está sendo considerado o primeiro filme de terror da Marvel, já que mostra bastantes cenas violentas com sangue, possessões e atividades sobrenaturais.
Tais características são do estilo de Raimi, e com uma possível brecha após a série animada “What if…” o diretor pode explorar este lado. Não sendo à toa a classificação indicativa do filme no Brasil ser para maiores de 14 anos, o que foge da maior parte dos filmes do estúdio.
Por mais que “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” tenha alguns furos de roteiro e alguns erros escrachados de CGI, esse filme é uma experiência totalmente diferente por ser o primeiro filme de terror da Marvel e totalmente imersivo. É o tipo de filme que vale ter a experiência no cinema.
Review feita por: Luiza (estudante de cinema e membro da equipe do EOBR).